segunda-feira, 31 de julho de 2023

JOÃO CAETANO * Fundação Claudino Silva - FCS/RJ

JOÃO CAETANO
João Caetano dos Santos
 (Itaboraí, RJ 27/1/1808 - Rio de Janeiro, RJ 24/8/1863) foi um ator e empresário teatral brasileiro. Além de ser tradicionalmente conhecido como o maior ator de sua época, Caetano é considerado ainda o primeiro teórico da arte dramática no país e responsável pela profissionalização do teatro, com suas iniciativas no palco ou na administração de companhias que atuavam tanto na capital como nas províncias.

Sua atuação o transformaria no impulsionador do teatro brasileiro como uma atividade profissional contínua, numa época em que as companhias teatrais lusitanas monopolizavam os palcos brasileiros, (isso desde a chegada da família real portuguesa em 1808), conseguindo superá-las em fama e prestígio.

Antes de iniciar sua carreira, João Caetano foi cadete e serviu na guerra da Cisplatina. De acordo com o reconhecimento de críticos seus contemporâneos, a experiência de guerra teria ajudado na montagem de cenas militares, e ao mesmo tempo moldou seu caráter, fazendo-o encarar a vida teatral como um campo de batalha, onde se lutava tanto por idéias como por espaço.

A estreia de João Caetano como ator aconteceu em 1831 na peça "O Carpinteiro da Livônia". No ano seguinte, conheceu a bailarina e atriz Estela Sezefreda, que se tornou sua parceira nos palcos e logo depois sua companheira, e com quem se casaria em 1845.

Apenas dois anos após sua estreia, ocupa o teatro de Niterói e funda a Companhia Nacional João Caetano, exercendo as funções de empresário, diretor e ator. Sua companhia teatral apresentou grandes autores trágicos, cômicos, melodramas e dramas burgueses. Merece destaque a montagem de "O príncipe amante da liberdade" ou "A independência da Escócia", peça em que utilizou apenas atores brasileiros, gesto que rompia com a tradição na qual os artistas, a linguagem e os repertórios eram rigorosamente reproduzidos como em Portugal. Autodidata, tinha predileção pela tragédia, mas também representou papéis cômicos marcantes, sendo o primeiro a apresentar a peça "O Juiz de Paz na Roça" de Martins Pena, isso em 1838.

Caetano escreveu ainda dois livros sobre a arte de representar: "Reflexões Dramáticas", de 1837, e "Lições Dramáticas", de 1862. Foi o primeiro artista brasileiro a entender a necessidade de uma formação para os atores, tomando a iniciativa de construir e administrar uma Escola de Arte Dramática no país, totalmente gratuita, inspirado por uma experiência que teve em 1860, após visitar o Conservatório Real da França. Também promove a criação de um júri dramático, para premiar a produção nacional. João Caetano faleceu no dia 24 de agosto de 1863, no Rio de Janeiro.


Bibliografia:
João Caetano. Disponível em:  http://historiadoteatroufpel.blogspot.com.br/2009/04/joao-caetano.html >. Acesso: 31/03/13.
João Caetano dos Santos. Disponível em: < http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/JoaCaeSa.html>. Acesso: 31/03/13.
João Caetano. Disponível em: < http://www.spescoladeteatro.org.br/enciclopedia/index.php/Jo%C3%A3o_Caetano >. Acesso: 31/03/13.
João Caetano. Disponível em: < http://www.algosobre.com.br/biografias/joao-caetano.html >. Acesso: 31/03/13.
Arquivado em: Biografias
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terça-feira, 25 de julho de 2023

SOLANO TRINDADE * João Costa Batista/Facebook

SOLANO TRINDADE
Árvore da Lembrança
João Costa Batista/Facebook

Nasceu no dia 24 de julho de 1908, no bairro de São José, em Recife-PE, Francisco Solano Trindade.
Filho do Sapateiro Manoel Abílio e da Doméstica Emerenciana Quituteira. A miscigenação está presente nas Origens Étnicas do Poeta: Neto de Negro e Branca, pelo lado Paterno; e Negro e Índia, do lado Materno.
Estudou no Liceu de Artes e Ofícios da Capital Pernambucana, tendo Concluído o equivalente ao Ensino Médio atual.

Desde cedo, Estabeleceu contato com a Cultura Popular e o Folclore, levado pelas mãos do Pai que, nos dias de folga, Dançava Pastoril e Bumba-Meu-Boi nas ruas do Recife. O Carnaval, suas Figuras, o Maracatu, e o Frevo Fascinavam o Menino. A pedido da Mãe, Analfabeta, Lia Novelas, Literatura de Cordel e Poesia Romântica, que ambos apreciavam.

Já adulto, o Poeta se casa em 1935 com Maria Margarida – Terapeuta Ocupacional e Coreógrafa – com quem teve Quatro Flhos.

A Década de 1930 é marcada em todo o Mundo pela Ascensão do Nazismo e do Fascismo, que iriam Controlar quase toda a Europa a partir da Deflagração da Segunda Guerra Mundial, em 1939. A Polarização Ideológica entre Direita e Esquerda contamina as Discussões sobre Arte e Literatura. E a Noção Mítica de "Raça Superior", Oriunda no Cientificismo do Século XIX, impulsiona fortemente a Discriminação Racial existente no Brasil desde a Colonização. O Autoritarismo Segregador defendido pelo Discurso Nazi-Fascista se espalha pelo País a partir da crescente Pregação do Partido Integralista, Dirigido pelo também Escritor Plínio Salgado.

Em contrapartida, dá-se o Fortalecimento na Imprensa Negra e a Criação da Frente Negra Brasileira, que também se Organiza em forma de Partido Político e Fortalece a Resistência dos Afro-Descendentes em sua Luta pela obtenção da Cidadania Plena, a começar pelo Direito à Educação, passados pouco mais de 40 anos de Vigência da Lei Áurea.

Nesse período, Solano Trindade participa em Recife do I Congresso Afro-Brasileiro, Organizado por Gilberto Freyre, que Reúne dezenas de Intelectuais voltados para a Discussão da Contribuição Cultural da Diáspora Africana em nosso País. Participa também do II Congresso Afro-brasileiro, realizado posteriormente em Salvador.

Em 1936, Entusiasmado com os Movimentos em Prol da Consciência Negra, que se espalhavam nas principais Cidades do País, Funda a Frente Negra Pernambucana e o Centro de Cultura Afro-Brasileira, Juntamente com o Poeta Ascenso Ferreira, o Pintor Barros e o Escritor José Vicente Lima. Esse Órgão tinha como Objetivo, dentre outros, Promover a Pesquisa da Afro-descendência na Cultura e na História, buscar a Expressão Afro-Brasileira na Literatura e nas Artes em geral, além de Promover a Divulgação de Intelectuais e Artistas Negros.

Em 1936, Estreia na Literatura com a Publicação de Poemas negros. Editada em Recife, a Coletânea de Solano Trindade Polemiza com o Livro Homônimo do também Nordestino Jorge de Lima, Lançado no mesmo ano e trazendo a Público o discutido Poema "Nêga Fulô".

Na Década seguinte, depois de passar por Belo Horizonte e Porto Alegre, fixa Residência no Rio de Janeiro, onde se Integra aos Círculos Literários e Culturais e trava conhecimento com outros Artistas Afro-descendentes.

Em 1944, lança seu Segundo Livro, Poemas d’uma vida simples, que obteve Boa Repercussão junto à Crítica da Época. Amante devotado das Formas Populares de Representação, o Poeta Assiste à Criação do Teatro Experimental do Negro, fundado em 1944, por Abdias Nascimento.

Em 1950, Solano Trindade Funda em Caxias, na Baixada Fluminense, ao lado da Esposa, Margarida Trindade, e do Sociólogo Edison Carneiro, o Teatro Popular Brasileiro, que contava com um Elenco Formado por Domésticas, Operários e Estudantes e tinha como Projeto Estético-Ideológico: "Pesquisar na Fonte de Origem e devolver ao Povo em Forma de Arte.
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quinta-feira, 13 de julho de 2023

AGORA A CULTURA TAMBÉM TEM "DIA NACIONAL DE LUTA" * Fundação Claudino José da Silva - BR

AGORA A CULTURA TAMBÉM TEM
 "DIA NACIONAL DE LUTA"

A partir de agora, todo o dia 4 de maio será lembrado como o Dia Nacional de Luta dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Cultura. A lei que institui a data foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada, ontem, 11/7, no Diário Oficial da União.

Esse dia foi escolhido em memória do compositor e artista Aldir Blanc e do ator e comediante Paulo Gustavo, que morreram vítimas da covid-19 na mesma data, mas nos anos de 2020 e 2021, respectivamente.

Na data, anualmente, devem ser realizadas ações culturais que promovam a conscientização sobre a importância do setor para o desenvolvimento social, econômico e para o exercício da cidadania, além preservar a memória de povo, fortalecer as identidades, promover a diversidade, gerar renda e emprego.

A nova lei prevê ainda que, na data, sejam lançados programas de apoio à formação técnico-profissional no setor cultural e outras ações que ampliem as possibilidades de trabalho para profissionais que atuam no setor.

Estão previstas também ações de acesso a direitos culturais e a divulgação de dados estatísticos relacionados a cultura e ao fazer cultural.
Aldir Blanc

Letrista de mais de 600 músicas, e muitos sucessos como O Bêbado e a Equilibrista, com João Bosco, e Resposta ao Tempo, com Cristovão Bastos, Aldir Blanc foi médico psiquiatra de formação e exerceu a profissão até os 28 anos de idade. Como compositor e letrista, foi um dos maiores nomes da musica popular brasileira, e eternizou ainda boas histórias em crônicas e livros.

Nascido no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, em 1946, viveu até os 73 anos de idade, quando foi internado e diagnosticado com covid-19, que agravada pela diabetes, uma pneumonia e uma infecção urinária, o levaram à morte em 4 de maio de 2020.

O músico e compositor deu nome a uma lei aprovada pela Câmara dos Deputados em 26/5/2020: a Lei Emergencial da Cultura (PL 1075/2020), publicada em junho e chamada de Lei Aldir Blanc.
Paulo Gustavo

O ator, diretor e roteirista era fluminense de Niterói e construiu uma carreira cultural, passando pela televisão, pelo cinema e teatro, onde ganhou fama com o monólogo Minha Mãe É uma Peça, escrita e interpretada pelo artista, que construiu a personagem Dona Hermínia, com base na convivência com a própria mãe.

No auge da carreira, foi diagnosticado com covid-19, passou por várias terapias para amenizar os sintomas da doença, mas uma embolia pulmonar agravou o quadro e ele morreu em 4 de maio de 2021. Deixou o marido xxxx e dois filhos pequenos.

Em 2021, a Lei Paulo Gustavo foi criada para socorrer o setor da cultura (Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022), prevendo repasses a estados, municípios e ao Distrito Federal para ações emergenciais, mas vetada pelo governo Bolsonaro.

Com a volta do Ministério da Cultura e a prioridade dada pelo governo federal a esse setor, a lei passou a valer a partir de 12 de maio , quando o presidente Lula assinou o decreto de regulamentação, em cerimônia em Salvador.

domingo, 9 de julho de 2023

Zé Celso e Silvio Santos * Luciano Fedozzi - RS

Zé Celso e Silvio Santos

A grandeza de uma pessoa também pode ser medida pela pequenez de outras, e não apenas pelos feitos da primeira, quem ela era e o que fez na vida. A trágica morte de Zé Celso – causada por um aquecedor barato em um apartamento simples de classe média baixa – revela o caso emblemático do lugar que a cultura crítica ocupou e ainda ocupa na estratificação selvagem da sociedade brasileira. 


Zé Celso liderou a criação do Teatro Oficina, erguendo-o literalmente do chão em um terreno cujo proprietário representa bem aqueles setores incultos forjados na extração de riquezas sem qualquer compromisso com o destino da sociedade e do país.

 Uma das cenas mais melancólicas, mas também ilustrativas – daquelas que valem a pena mostrar em sala de aula para refletir sobre o capitalismo selvagem do Brasil – é aquela registrada na discussão entre Silvio Santos e Zé Celso sobre o mencionado terreno onde o teatro Oficina está localizado, uma pequena construção estreita e profunda tombada em todas as instâncias da Federação. 

Nela, o septuagenário e riquíssimo Silvio Santos, que pleiteia há décadas a área para a construção de três torres imobiliárias no bairro Bexiga, a fim de engordar ainda mais a sua conta e a da família, aparece como um ser humano pequeno diante do seu pobre contendor, um dos maiores dramaturgos do Brasil. 

O frame é claro, sem nenhuma consideração sobre a Função Social da Cidade e da Propriedade, previstas no Estatuto das Cidades, idealmente concebido para tornar nossas metrópoles menos hostis à vida. 

Não fosse a convicção irredutível do poder do dinheiro a qualquer custo, uma pessoa minimamente moralizada sentiria vergonha dessa cena patética entre a riqueza e a pobreza, entre objetivos e sentidos da vida tão díspares. 

O próprio Silvio Santos em pessoa naquela cena nos dá a ideia de um representante paradigmático de um setor da burguesia inculta, voraz e mesquinha, que se arvorou ao poder novamente nos últimos anos, como o faz de quando em quando em nossa história, dessa vez sem nenhuma vergonha. 

Na cena, a pequenez e a grandeza de cada um e do que representam estão ali instaladas, prontas para serem avaliadas por cada de nós, dependendo dos óculos, da perspectiva e do que desejamos como sociedade. 

Ao Zé Celso, resta-nos agradecer também por isso, por tornar pública essa face do Brasil que nunca desaparece e que nos leva a pensar sobre o que faz os pequenos e grandes homens. Evoé, Zé Celso!

Luciano Fedozzi – Professor de Sociologia da UFRGS, Pesquisador do Observatório das Metrópoles
MAD RODRIGUES - SP