SOLANO TRINDADE
João Costa Batista/Facebook
Nasceu no dia 24 de julho de 1908, no bairro de São José, em Recife-PE, Francisco Solano Trindade.
Filho do Sapateiro Manoel Abílio e da Doméstica Emerenciana Quituteira. A miscigenação está presente nas Origens Étnicas do Poeta: Neto de Negro e Branca, pelo lado Paterno; e Negro e Índia, do lado Materno.
Estudou no Liceu de Artes e Ofícios da Capital Pernambucana, tendo Concluído o equivalente ao Ensino Médio atual.
Desde cedo, Estabeleceu contato com a Cultura Popular e o Folclore, levado pelas mãos do Pai que, nos dias de folga, Dançava Pastoril e Bumba-Meu-Boi nas ruas do Recife. O Carnaval, suas Figuras, o Maracatu, e o Frevo Fascinavam o Menino. A pedido da Mãe, Analfabeta, Lia Novelas, Literatura de Cordel e Poesia Romântica, que ambos apreciavam.
Já adulto, o Poeta se casa em 1935 com Maria Margarida – Terapeuta Ocupacional e Coreógrafa – com quem teve Quatro Flhos.
A Década de 1930 é marcada em todo o Mundo pela Ascensão do Nazismo e do Fascismo, que iriam Controlar quase toda a Europa a partir da Deflagração da Segunda Guerra Mundial, em 1939. A Polarização Ideológica entre Direita e Esquerda contamina as Discussões sobre Arte e Literatura. E a Noção Mítica de "Raça Superior", Oriunda no Cientificismo do Século XIX, impulsiona fortemente a Discriminação Racial existente no Brasil desde a Colonização. O Autoritarismo Segregador defendido pelo Discurso Nazi-Fascista se espalha pelo País a partir da crescente Pregação do Partido Integralista, Dirigido pelo também Escritor Plínio Salgado.
Em contrapartida, dá-se o Fortalecimento na Imprensa Negra e a Criação da Frente Negra Brasileira, que também se Organiza em forma de Partido Político e Fortalece a Resistência dos Afro-Descendentes em sua Luta pela obtenção da Cidadania Plena, a começar pelo Direito à Educação, passados pouco mais de 40 anos de Vigência da Lei Áurea.
Nesse período, Solano Trindade participa em Recife do I Congresso Afro-Brasileiro, Organizado por Gilberto Freyre, que Reúne dezenas de Intelectuais voltados para a Discussão da Contribuição Cultural da Diáspora Africana em nosso País. Participa também do II Congresso Afro-brasileiro, realizado posteriormente em Salvador.
Em 1936, Entusiasmado com os Movimentos em Prol da Consciência Negra, que se espalhavam nas principais Cidades do País, Funda a Frente Negra Pernambucana e o Centro de Cultura Afro-Brasileira, Juntamente com o Poeta Ascenso Ferreira, o Pintor Barros e o Escritor José Vicente Lima. Esse Órgão tinha como Objetivo, dentre outros, Promover a Pesquisa da Afro-descendência na Cultura e na História, buscar a Expressão Afro-Brasileira na Literatura e nas Artes em geral, além de Promover a Divulgação de Intelectuais e Artistas Negros.
Em 1936, Estreia na Literatura com a Publicação de Poemas negros. Editada em Recife, a Coletânea de Solano Trindade Polemiza com o Livro Homônimo do também Nordestino Jorge de Lima, Lançado no mesmo ano e trazendo a Público o discutido Poema "Nêga Fulô".
Na Década seguinte, depois de passar por Belo Horizonte e Porto Alegre, fixa Residência no Rio de Janeiro, onde se Integra aos Círculos Literários e Culturais e trava conhecimento com outros Artistas Afro-descendentes.
Em 1944, lança seu Segundo Livro, Poemas d’uma vida simples, que obteve Boa Repercussão junto à Crítica da Época. Amante devotado das Formas Populares de Representação, o Poeta Assiste à Criação do Teatro Experimental do Negro, fundado em 1944, por Abdias Nascimento.
Em 1950, Solano Trindade Funda em Caxias, na Baixada Fluminense, ao lado da Esposa, Margarida Trindade, e do Sociólogo Edison Carneiro, o Teatro Popular Brasileiro, que contava com um Elenco Formado por Domésticas, Operários e Estudantes e tinha como Projeto Estético-Ideológico: "Pesquisar na Fonte de Origem e devolver ao Povo em Forma de Arte.
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